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Carta Aberta ao artista Bokly Madjubleira

Quelimane, terra de mangais, bons sinais e memórias vivas, tem visto nascer vozes que carregam no peito o pulsar do tambor e o cheiro do mar que é rio dos bons sinais. Entre essas vozes, uma tem se levantado com verdade, alma e compromisso: Bokly Madjubleira.

Senhor Bokly, escrevo-lhe não apenas como admirador da sua obra, mas como filho da mesma terra, do mesmo chão, do mesmo rio que nos embala e nos chama. A sua recente música não é apenas uma canção, é um manifesto, um abraço à identidade, uma viagem ao coração da cultura Chuabo que muitos de nós temos esquecido, mas que você decidiu reacender como chama viva.

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No seu timbre há história, há resistência, há ternura e há revolta positiva. Há o orgulho de carregar um nome, uma língua, uma tradição. Há o som do nhambarro, o eco dos provérbios antigos, o ritmo do ibondo e o sabor do nosso thodwe e matapa, do baú de Madjembe feito pelos manos do Gym do Fuzil, da mucapata de Sorroco e da manga verde com sal. Há o suor dos bairros, a poesia do Macurungo feito pelas bibliotecas vivas, o riso das crianças em Manhawa, o Nice do tio do Carvão, o bangue dos putos e o cair da tarde no Chuabo Dembe. Há o Chuabo inteiro dentro da sua música, não como folclore morto, mas como cultura viva, orgulhosa, irrepetível.

Num tempo em que muitos se perdem tentando imitar o que vem de fora, o senhor escolheu valorizar o que vem de dentro. Essa escolha é nobre. É corajosa. É necessária. E é por isso que esta carta existe: para reconhecer em si um guardião da memória, um espelho da identidade e um construtor de futuros.

Eu acho que esta obra deveria ser considerada património cultural pela UNESCO pois aí está a vida, o passado, o presente e o futuro de um verdadeiro mwana mutchuabo, está o padeiro à marginal, impurrune à Zalala e é mais do que uma obra!

Que esta carta ecoe longe, e que a sua mensagem permaneça:

"Somos Chuabo. Somos cultura. Somos voz. E enquanto houver alguém a cantar e contar a nossa história, ela nunca morrerá."

Mas esta carta também é um apelo.

A todos os que amam arte verdadeira, cultura de raiz, música com propósito, convido-vos a acessarem o link do YouTube do canal de Bokly Madjubleira para ver a obra completa, não vão apenas ouvir uma música. Vão encontrar-se a si mesmos. Vão ouvir Quelimane falar.

Bokly - Mwana Mutxuabo 


Com respeito, orgulho e gratidão, Um irmão da terra, um mwana mutchuabo que reconhece outro.


Escrito por: Mano Nelo EA